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Teodora Cardoso acha que Centeno não devia ter ido logo para o BdP
CFPTeodora Cardoso, ex-presidente do Conselho de Finanças Públicas (CFP)
A ex-presidente do Conselho de Finanças Públicas (CFP) deu uma entrevista na qual abordou vários temas, desde a crise económica desencadeada pela pandemia à saída do ex-ministro das Finanças para o Banco de Portugal.
Em entrevista ao jornal online ECO, a agora ex-presidente do Conselho de Finanças Públicas, Teodora Cardoso, criticou a ida direta de Mário Centeno do Ministério das Finanças para o Banco de Portugal.
“Em teoria, não havia nada que impedisse, mas, neste caso, penso que teria sido de bom senso, e em particular do próprio Mário Centeno – tenho grande estima por ele, embora ele agora não acredite nisso porque não gosta que o critiquem – não ter feito esta evolução”.
A economista, que esteve no banco central durante duas décadas, considera que o cargo pode “satisfazer o ego, mas vai ter custos” e teme que, apesar das “grandes qualidades” do ex-ministro, a independência do BdP esteja em causa.
“Ele tinha aquela vontade e deixou-se levar por isso, mas não é bom nem para ele nem para o Banco de Portugal”, declarou Teodora Cardoso, acrescentando que Centeno tinha “outras alternativas”.
Na mesma entrevista, a economista, que foi a primeira mulher a chegar à administração do BdP, também abordou a crise económica desencadeada pela pandemia de covid-19, reforçando a ideia de que é preciso evitar que as empresas fiquem “completamente dependentes do crédito bancário” e a “importância da recapitalização”.
“No início, muitas empresas ainda tinham alguma reserva que lhes permitiu suportar aquele primeiro impacto. Mas agora, sobretudo nas pequenas e micro empresas, que é o que temos mais, essa reserva já não existe”, observou ao ECO.
A ex-presidente do CFP não tem dúvidas de que não vai haver um crescimento forte em 2021 e considerou ainda que o Orçamento do Estado para este ano foi um “espetáculo triste”.
“O OE 2021 não previu nada. Ou melhor, previu que realmente era previsto que a muito curto prazo era preciso gastar à vontade e depois logo se vê. Este Orçamento foi um espetáculo triste. Aquela aprovação na especialidade, com não sei quantas mil alterações, tiveram de estar a aprovar medidas que nem devem ter tido tempo para ler. Isto numa situação crítica que em termos de economia e orçamentais é de facto muito grave.”.
Questionada pelo ECO sobre a situação da TAP, Teodora Cardoso disse ter “muitas dúvidas” sobre se valeu a pena salvar a companhia aérea. A economista considerou que o sucesso do turismo em Portugal se deveu mais às low cost do que à transportadora nacional e teme que o Governo de António Costa tenha em mãos um dossier que vai sair “muito caro” e com “resultados no mínimo duvidosos”.