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O mundo é o teu escritório – Meios & Publicidade

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NOTÍCIAS DE MARKETING NA INTERNET

O mundo é o teu escritório – Meios & Publicidade

Joana Teixeira, digital Strategist da Fullsix
O ano é 2020 e as estradas estão vazias. Não se ouve o som dos pneus a chiar ou as buzinadelas dos mais apressados pela manhã, apenas o chilrear dos pássaros que circulam pelo céu, alheios ao que se passa. Os passeios outrora cheios de pessoas que todos os dias se cruzam sem se conhecerem, de cabeça baixa e olhos fixos no telemóvel, estão agora livres. Estão todos em casa.
Hoje em dia já não é, de todo, assim mas, no início da pandemia, parecia que estávamos a viver um episódio de The Walking Dead ou que, a dada altura, o Will Smith iria aparecer de qualquer sítio e gritar “I Am Legend”. Referências à parte, o cerne da questão é o seguinte: o mundo do trabalho nunca mais vai ser o mesmo, e o culpado todos sabemos quem é.
Em 2019, o trabalho remoto começou a fazer, lentamente, parte da agenda pública e protagonizou muitos conteúdos de profissionais das mais variadas áreas, com o objectivo de alertar e despertar para a necessidade da sua implementação numa tentativa de aliviar a pressão, o trabalho desmedido e a ansiedade cada vez mais presentes no mundo acelerado e completamente desconexo em que, de certa forma, ainda vivemos. Os casos de burnout começaram a ser divulgados na primeira pessoa, e a contribuir para aumentar os testemunhos de tantos outros que sentiam os efeitos do desequilíbrio entre vida pessoal e vida profissional.
A digitalização trouxe consigo a facilidade de estarmos sempre ligados e, paradoxalmente, a consequência de que, se não soubermos qual é o limite, rapidamente somos levados pela onda e aprendemos da forma mais dura que, quando a balança não está equilibrada, não é só o nosso trabalho que sofre, é a nossa saúde mental. E isso não tem preço.
Foi preciso uma pandemia surgir da noite para o dia para avançarmos anos luz na forma como olhamos para a produtividade em Portugal e no mundo. Que atire a primeira pedra quem nunca sentiu o olhar de reprovação dos colegas do lado quando saiu do trabalho cinco minutos antes do que o contrato diz (ou até mesmo quem nunca o fez também)… Pois é, mas produtividade e horas de trabalho são duas coisas muito diferentes. Sobretudo nas áreas em que a criatividade e o digital reinam.
A palavra de ordem para este ano e, espero eu que para os próximos que se seguem, é só uma: flexibilidade. É uma palavra incrível e que devia fazer parte não só do nosso dia-a-dia, mas também do nosso mindset em geral, na forma como olhamos e percebemos o mundo e as pessoas à nossa volta. Se hoje em dia o trabalho remoto e a flexibilidade laboral tiveram quase obrigatoriamente de ser obrigatórios, passo o pleonasmo, espero que no futuro seja a palavra de ordem porque, efectivamente, as pessoas perceberam as vantagens que isso traz para os indivíduos e para as organizações.
O confinamento obrigou-nos a tornar a mesa da cozinha ou da sala em verdadeiros ambientes de trabalho, ou a transformar, finalmente, o quarto extra no escritório que andávamos a idealizar. A empresa mudou-se para dentro das nossas casas e o escritório passou a ver um verdadeiro open space, sem barreiras físicas de qualquer tipo. E, então, chegou-se a duas conclusões essenciais:
O trabalho remoto resulta. Já dizia a expressão que “quem não é bom para comer, não é bom para trabalhar” e Portugal é exímio nas duas tarefas! Sempre o fomos, é a nossa história que o diz. Mas, infelizmente, ainda há um grande caminho a percorrer na mudança de mentalidades e na mudança da percepção do significado de “trabalho”. Muitas empresas ainda estão reticentes relativamente ao trabalho remoto mas, o certo é que assistimos a um verdadeiro arregaçar de mangas de todos os profissionais que se empenharam para transformar esta nova realidade em oportunidades, e desmistificou-se a ideia de que quem fala de trabalho remoto quer trabalhar menos. Não, quando muito as pessoas passaram a trabalhar mais, porque os tempos de pausa são menores e não há uma obrigação de sair fisicamente do escritório. Os CEO e decisores de topo passaram a focar-se nas pessoas, porque houve a consciencialização de que, quando as pessoas não estão bem, os resultados individuais e da empresa são directamente afectados. Por isso, apostar nas pessoas e no seu bem-estar em primeiro lugar, tem de ser uma prioridade de todas as empresas.
Se não desaceleramos, a vida passa-nos ao lado. O ritmo frenético da vida de hoje em dia e a pressão para fazer mais e melhor, tornou-nos desconexos de nós próprios e do que é mais importante na vida. Ter um trabalho que nos completa e realiza é essencial, mas saber dar prioridade ao “eu”, à nossa vida e, sobretudo, às nossas relações pessoais é essencial para mantermos a estabilidade emocional e os níveis de felicidade alinhados. Antes da pandemia, mal desfrutávamos das nossas casas. Muitos pais passavam pouco tempo com os filhos pequenos. Muitas vezes não tínhamos tempo para cozinhar uma refeição decente. A maior parte das horas do dia eram passadas dentro de quatro paredes, em transportes e no trânsito. E, se temos de ver sempre as coisas pelo lado positivo, então que vejamos a pandemia como uma oportunidade de parar e olhar à nossa volta e para dentro de nós; de dar importância às coisas mais simples e, sobretudo, de ter qualidade de vida.
 
E não é só a nível pessoal que ficamos a ganhar. O contacto humano é insubstituível, mas a nível corporativo, as possibilidades do trabalho remoto são muitas. Destaco algumas:
— Se os colaboradores estão felizes e em equilíbrio, então teremos maior entrega, maior produtividade e maior retenção de talento;
— Se temos maior produtividade e sentimento de “vestir a camisola, com todo o gosto”, então teremos trabalho de mais elevada qualidade e, consequentemente, a possibilidade de obter melhores resultados ao nível do negócio;
— Podemos reduzir custos;
— Temos maior liberdade de contratação nos vários cantos do mundo, contribuindo para equipas mais diversificadas e para um maior nível de aprendizagem e crescimento.
 
Por isso, o mundo passou a ser mesmo o nosso escritório, literal e figurativamente. E, quando todo o pesadelo terminar e podermos deslocar-nos normalmente, este conceito será ainda mais evidente e real.
Agora, desculpem-me, mas dou este artigo por terminado; preciso de ir ali à cozinha tirar o bolo do forno.


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